segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Convite ao Conto - Blog e Jornal.

   Compromissar-se como autor, com construção mensal de um conto, a ser postado atualmente em blog do Acervo dos Escritores Santistas, e quiçá em jornal - se patrocinado, proximamente.
   Em vinte (20) linhas impressas em A-4, Arial tamanho 12, não em paisagem, com citação em epígrafe inclusa, enviado ao administrador dos grupos Acervo dos Escritores Santistas e Mulher Caiçara onde Estiver – via e-mail: ricardorutiglianoroque@yahoo.com.br , com antecedência de ao menos uma semana da data escolhida – um dia de 1 a 28, sem especificar o dia da semana.
   Abrir mão dos direitos autorais em tais publicações a serem compartilhadas em rede social de relacionamento - Internet, desde que citado você - autor, e fonte - se já publicado em livro.
   Grato.
   Santos, 18/09/2017.
Ricardo Rutigliano Roque - Acervo dos Escritores Santistas e Mulher Caiçara onde Estiver.

domingo, 17 de setembro de 2017

Metalinguagem - uma Luz na Sombra!

Luzes na Sombra - Conto (*), e metalinguagem (**).

* "O Abandono me protege" – Manoel de Barros, em Livro sobre Nada.

   Concebida em afresco, neste seu respirar. Você passa o caminho. Sombreiam redentoras mãos. Paira semblante que avista. Olhar acolhe primazia.
   - Já que é uma manifestação ao evento Histórico, cabe um registro.
   Está fora de indutora leitura diária, esta que criaria hábito saudável. Todavia, há esse acesso tardio e restritivo ao leitor de ficção, sem seu acolhimento. Hoje é rareado espaço, assim tornado.
   Solta-se espaço lúdico. Convida areia à bola. Tranças e boina à espera.
   - Alusão ao espaço cedido à ficção?
   Divide-se submissa em aulas. Baila no salão à bonequinha. Tarde em música à espreita.
   - Reconhecida como importante se tornada cotidiana leitura em jornal, preconizada assim, de um conto por dia. Por isto.
   Chama quem carrega o infante, essa em abreviada vida. Sorri àquele que fica. Flamba. Paira sobre chuvosas nuvens.
   - Mas, agora já existe o blog - forma disponível e democrática, ao menos pro internauta.
   O que torna menos devastadora a restrição imposta à impressa, antes em tão aberta e rotineira acolhida à ficção.
   - Isto se pensado em novos leitores a serem criados.

rrr./

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/09/luzes-na-sombra-conto-editado.html

** Dissecado o conto - Luzes na Sombra, assim:

   Esse conto é um drama, onde há narrativa com estilhaços em onisciência. Há uma linguagem direta com o leitor, essa em camada mais grave, por simples ousadia poética, que adensa a ontologia abordada, em parte dessa narrativa. Está em terceira pessoa quando narra uma abordada trajetória de exclusão dos contos de uma leitura diária. O texto está em frases curtas - independizadas orações, para evitar conjunções, e facilitar fluxo à leitura por tamanhos de parágrafos assemelhados.
   Estabelece um paralelo entre as fases de vida do leitor, idealizada, e a real do caminho do conto escrito, ambas separadas por falta de veiculação diária impressa em jornal, assim contextualizado. Expõe, assim, a dependência da vida ficcional à real veiculação necessária periódica, com pouco intervalo e naquele veículo. Faz contrapondo, portanto, à real exclusão pelo jornal desse idealizado contato diário.
   Para a parte da ontologia faz uso de linguagem imagética: concepção, nascimento, infância, adolescência, morte e o evocado céu - idealizado, por citadas nuvens. Iniciada no acolhimento em parto. Em circularidade vai até evocar um ressuscitar de leitores criados.
   Mantida uma diferenciação em todo texto, ao intercalar a prosa em camada mais superficial - menos grave. Há assim proposital contraste ao drama da narrativa em voz interior – em voz grave, esta em curto fluxo de pensamento. Isso provoca a percepção de duas vozes com sonoridades mais graves e uma outra menos grave.
   Os arranjos musicais contém quatro vozes, e esse conto contudo apenas três vozes. Para perceber essa construção, se pode ler salteado. A subtração de uma voz, pode testar essa sinestesia, em cinestésico uso da musculatura da voz do próprio leitor – com voz forte, também ao acrescentar-se uma quarta voz faltante – sutil do próprio leitor.
   Estão alternados o lírico e o prosaico, cada um em sua própria lógica e consequência contextualizada.
   Estaria a ousadia poética entranhada aí, o que explicaria e justificaria tal forma?
   Estão explicitadas as histórias - ontológica e ficcional, separadas na vida real por ausente leitura dupla no dia à dia, resgatadas no texto em alinhavo nas entrelinhas.
   Esse conto se completa em uma leitura, presunçosamente falando, com maior tempo. Isto que está tão em falta hoje, o que me leva crer que se manterá incompreendido. Mas aí é desafio do leitor, não do autor, parece.
   Elucida essa análise de forma e conteúdo, incluso os estilhaços?
   Grato.

rrr./

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"A Colonia Penal" - Franz Kafka, dissecado conto.

"A Colonia Penal" - novela, do Kafka, para dia 09/09/2017, comentário - forma e conteúdo, em uma página - 20 linhas: conto surreal, em verosimilhança ao superrealismo, de opressão; (disponível em pdf - http://www.verlaine.pro.br/txt/kafka-colonia.pdf );
CONTEÚDO: sacralidade do corpo submetida à mitologizada técnica, que na subordinação à chefia imediata - que perdura apesar de ausente, essa substitue a moral vigente anteriormente - que precedeu a civilização até o advento do Holocausto nazista, agora submetida à obediência à ordem dada, sem mais a presença da culpa oriunda do nascedouro da concepção da ideia, seguida da construção técnica da máquina de execução de pena com tortura. 
FORMA: Conto - breve relato com poucos personagens, com início interessante, mantido pelo diálogo insólito em meio à pressa em saber o desfecho, com final impactante.
Gênero Literário - Drama, com enredo - estrutura narrativa - quando expõe o conflito: do homem frente à moral técnica vigente, em manifestação da miséria humana;
. narrador na terceira pessoa;
. tempo: na terceira pessoa; 
. Pontos essenciais - elementos:
. ambientação: ilha de colônia penal francesa; 
. perfil psicológico do personagem: denso, destituído mazelas - o explorador, mas com neurose - o oficial, de singela obediência - cada um dos envolvidos, no decorrer da trama,
. voyerismo: até do apenado, além do explorador, antes de saber que era alvo da execução; 
. papéis trocados: presente no conto de Kafka, característica também do Pirandello, quando o executor passa a executado;
. insatisfação: do explorador, essa que submete o executor como se fora a nova ordem vigente - do novo comandante, aferida pelo dizer do explorador;
. alteridade: transmitida pelo explorador - de ambígua postura, em alterego do escritor que resvala para o executor ao se auto punir - extensiva pena à moral, técnica vigente - contemporânea na leitura hoje;
. inadequação: da moral que apenava quem concebia a ideia, pois passa ao executor que não obedece a seu superior;
. protagonismo - tipo de personagem, figuras arquetípicas: o executor que só cria "autonomia" - põe a mão na massa, à partir de um fato: percepção tardia da troca de guarda - comandante da colônia, na presença de um antagonista - o explorador, fato só então agudizadamente traumático pra ele; e na abordagem mítica: de justiça, aqui militar, de quem se crê contenha infalibilidade;
. polaridade: entre a moral judaico-ocidental-cristã - erro iniciado no pensar a ação de construir a máquina de execução, em conflito com a vigente técnica – passível de pena se o subalterno se insurgir com sua chefia imediata;
. catarse: na morte do executor operacional de tal máquina, que se junta assim ao idealizador - este que em solo sagrado nem foi recebido em morte; 
. sabedoria do corpo (mito e sacralidade): mito da tecnologia infalível, ao romper a barreira da pele e invadir a sacralidade do não saber do corpo ingênuo, este que dormiu em desobedecida vigília, devida a seu oficial superior;
. segurança no caminho: universal cenário masculino de ativa postura ergonômica invertida - submissão do corpo à máquina.
Obs.:
. em exercício com saberes absorvidos em Oficina, no SESC: "Como se tornar um escritor hoje": caminhos da Literatura - 05/08 a 25/11/2017, ministrada pelo Flávio Viegas Amoreira.
. estrutura literária baseada em classificação dada pelo Diagrama de Gêneros Literários - 
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/08/diagrama-de-generos-literarios.html .

* Sinopse na wikipédia:
"O livro faz uma análise crítica sobre o instituto da pena, analisando os seus limites, a impropriedade das penas baseadas em castigos corporais e ilustra com clareza e precisão a barbárie que constituíam as técnicas medievais na aplicação desses castigos punitivos. Narra a história de um explorador que, durante visita a uma colônia francesa, presencia o sistema empregado na execução de um soldado acusado de insubordinação. O sistema que o condenou está baseado numa doutrina jurídica arbitrária, em que o acusado não tem direito à defesa. Quem administra essa "justiça maquinal" é um instrumento de tortura que escreve lentamente sobre a pele, no corpo do condenado, com agulhas de ferro, presas à uma estrutura de vidro, a sentença do crime que, muitas vezes, ele mesmo não sabe que cometeu. Na colônia penal é também uma crítica à exaltação das máquinas e dos mecanismos usados com intuitos cruéis. O Oficial, personagem do livro, que é a favor do uso da Máquina de tortura para executar sentenças, fala desta como se tratasse de um "deus". Ele a adora como tal. Todo o livro gira em torno desta máquina. Observamos o descaso do oficial para com o Condenado - que, como já foi dito, não sabe o porquê de estar ali, nem sabe que foi acusado - e vemos o cuidado e a perícia com o aparelho de tortura usado para torturar e matar. Quando o condenado estava para receber o suplício, porém, o explorador diz ao oficial o que pensa dos seus métodos de execução - fala que o método não o convenceu, e se dispôs a oficial: "Não apresentava sinal algum da redenção prometida. O que outros teriam encontrado na máquina acabara por lhe ser negado. Os lábios se achavam apertados com firmeza, os olhos abertos, com a mesma expressão que tinham quando vivos, o olhar seguro de si, convencido. A testa se achava perfurada pela grande agulha de ferro" (KAFKA, 1969:100)." - João Correia (Ovar).

sábado, 2 de setembro de 2017

"Morte na Praça", em "Iáiá por que Choras?" - dissecação.

"Morte na Praça", de Dalton Trevisan, em "Iáiá por que Choras?", conto assim dissecado:

   Conto: breve narrativa, centrada em um episódio da vida, com poucos personagens.
   Pontos essenciais - elementos:
. ambientação - áreas de uma casa e hospital principalmente.
. perfil psicológico do personagem: Abílio para de barbear e cortar cabelo, joga carteado e rinha de galo; Iáiá professora com disfunção emocional, família decadente, com possível sonambulismo ou delírios, denotados por ordens dadas ao marido - Abílio, que pela manhã passa a ser questionado pelo feito, ou ela ao fazer com as próprias mãos gera a própria internação com tratamento com choques, e consequente envelhecimento, rápido, e morte;
. insatisfação: com morte de seus galos pelas mãos de Iáiá;
. alteridade: ao cuidar de Iáiá, na doença;
. inadequação: obediência à epifanias de Iáiá, e decadência familiar de Iáiá, simbolizada pela estátua de seu antepassado na praça e ela, descendente, vivendo sob uma degradação do casario herdado;
. protagonismo: sob narrador equidistante - não emite opinião, o protagonista em um desempenho errático, abandona ofício de barbeiro para se dedicar ao jogo de cartas e rinha de galo, assim é o Abílio;
. personagens: Abílio e Iáia, principalmente, e a cara preta;
. figuras arquetípicas: a Iáiá mulher e Abílio, fustigados por epifanias dela, e a serviçal;
. abordagem mítica: a internação nosocomial da paciente psiquiátrica;
. polaridade: entre marido - "são",  e sua mulher - "doente";
. catarse: esconder do convívio a disfunção ética de Iáiá, mas exaltar a de Abílio - moral, disfarçada em cuidados - azul de metileno na garganta de galos por Abílio, e na morte dos mesmos por Iáiá;
. sabedoria através do corpo: que envelhece à internação psiquiátrica e morte após clausura e choques elétricos;
. segurança no caminho: do "cuidado" marital, em casa, à cônjuge;
. trama:
Drama é, ao expor o conflito do homem e seu mundo - mulher com os galos de briga, e homem com homem - na reação por morte de galos com exílio dela em hospital psiquiátrico, ao manifestar a miséria humana, verossímil, com seriedade. Início prolixo e leve - com contextualização, chegando até o meio, em jogos de baralho e rinha de galos, em aventuras que instigam à leitura, com final em tragédia simbólica - da executora de imposta morte aos galos, e no colocado fim àquela relação - matrimonial, em "paz", e só temporariamente com as brigas de galo, impactante. Narrador na terceira pessoa, no tempo passado.

rrr./

Feita tal dissecação à luz de um diagrama (*) e de anotações em oficina do Flávio (**).

*
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/08/diagrama-de-generos-literarios.html?m=1

** oficina "Como se tornar um escritor hoje": Caminhos da Literatura - 05/08 a 25/11/2017, de Flávio Viegas Amoreira, no SESC - Santos.

http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/2017/09/morte-na-praca-em-iaia-por-que-choras.html?m=1