domingo, 3 de abril de 2016

Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho - 150 anos de Vicente de Carvalho.


Fica em digna postura - 
pra sua alma irreprimível 
remar mais do que é seu barco. 

Há ousadia da maré 
endereçada aos ouvintes 
dentre eles está você. 

Pluvial água - percepção menino, 
nesse fluxo está ao adentrar 
no canal do estuário, longe perto - 
manobra exótica como a sua, 
veia para navegação do que há, 
ao passar pelo deck dos sentidos. 
Até umedece a aridez - 
areia em próxima praia palmilha. 

Disponíveis recortes mimos, 
remados pelo seu barqueiro 
insubmisso aos navegantes. 

Dá leitura aos cem barcos nus, 
pra presenciar oceano - 
sentir entregue ao olhar.

Menina em salobra mistura há, 
acalentado peixinho guarú, 
esta evocação de limite – mar, 
circunscrito nesse avizinhamento, 
mas, em maré vazante vai até 
se distanciar na conquista d’água 
oceânica encoberta em brumas, 
em vazantes e enchentes - você. 

Percepção há de haver que 
transcreva antologia imersa 
na ausência de alguns sabores. 

Já que você é homenagem, 
em alquimia à transformar 
versos naquela maresia. 

Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho - 
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta, 
ladeado em aconchego de uns traços 
benedictino-calixtos em suas águas, 
mar - por ambos assistido, é atlântica 
desembocadura – no céu, são lonjuras. 

Mediante minha leitura, 
que na rede eu sirvo a todos - 
aos pressupostos mais nadantes. 

Fechem essa minha janela 
à nossa não cumplicidade 
pra que a lua não a espie. 

Ricardo Rutigliano Roque.