domingo, 17 de setembro de 2017

Metalinguagem - uma Luz na Sombra!

Luzes na Sombra - Conto (*), e metalinguagem (**).

* "O Abandono me protege" – Manoel de Barros, em Livro sobre Nada.

   Concebida em afresco, neste seu respirar. Você passa o caminho. Sombreiam redentoras mãos. Paira semblante que avista. Olhar acolhe primazia.
   - Já que é uma manifestação ao evento Histórico, cabe um registro.
   Está fora de indutora leitura diária, esta que criaria hábito saudável. Todavia, há esse acesso tardio e restritivo ao leitor de ficção, sem seu acolhimento. Hoje é rareado espaço, assim tornado.
   Solta-se espaço lúdico. Convida areia à bola. Tranças e boina à espera.
   - Alusão ao espaço cedido à ficção?
   Divide-se submissa em aulas. Baila no salão à bonequinha. Tarde em música à espreita.
   - Reconhecida como importante se tornada cotidiana leitura em jornal, preconizada assim, de um conto por dia. Por isto.
   Chama quem carrega o infante, essa em abreviada vida. Sorri àquele que fica. Flamba. Paira sobre chuvosas nuvens.
   - Mas, agora já existe o blog - forma disponível e democrática, ao menos pro internauta.
   O que torna menos devastadora a restrição imposta à impressa, antes em tão aberta e rotineira acolhida à ficção.
   - Isto se pensado em novos leitores a serem criados.

rrr./

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/09/luzes-na-sombra-conto-editado.html

** Dissecado o conto - Luzes na Sombra, assim:

   Esse conto é um drama, onde há narrativa com estilhaços em onisciência. Há uma linguagem direta com o leitor, essa em camada mais grave, por simples ousadia poética, que adensa a ontologia abordada, em parte dessa narrativa. Está em terceira pessoa quando narra uma abordada trajetória de exclusão dos contos de uma leitura diária. O texto está em frases curtas - independizadas orações, para evitar conjunções, e facilitar fluxo à leitura por tamanhos de parágrafos assemelhados.
   Estabelece um paralelo entre as fases de vida do leitor, idealizada, e a real do caminho do conto escrito, ambas separadas por falta de veiculação diária impressa em jornal, assim contextualizado. Expõe, assim, a dependência da vida ficcional à real veiculação necessária periódica, com pouco intervalo e naquele veículo. Faz contrapondo, portanto, à real exclusão pelo jornal desse idealizado contato diário.
   Para a parte da ontologia faz uso de linguagem imagética: concepção, nascimento, infância, adolescência, morte e o evocado céu - idealizado, por citadas nuvens. Iniciada no acolhimento em parto. Em circularidade vai até evocar um ressuscitar de leitores criados.
   Mantida uma diferenciação em todo texto, ao intercalar a prosa em camada mais superficial - menos grave. Há assim proposital contraste ao drama da narrativa em voz interior – em voz grave, esta em curto fluxo de pensamento. Isso provoca a percepção de duas vozes com sonoridades mais graves e uma outra menos grave.
   Os arranjos musicais contém quatro vozes, e esse conto contudo apenas três vozes. Para perceber essa construção, se pode ler salteado. A subtração de uma voz, pode testar essa sinestesia, em cinestésico uso da musculatura da voz do próprio leitor – com voz forte, também ao acrescentar-se uma quarta voz faltante – sutil do próprio leitor.
   Estão alternados o lírico e o prosaico, cada um em sua própria lógica e consequência contextualizada.
   Estaria a ousadia poética entranhada aí, o que explicaria e justificaria tal forma?
   Estão explicitadas as histórias - ontológica e ficcional, separadas na vida real por ausente leitura dupla no dia à dia, resgatadas no texto em alinhavo nas entrelinhas.
   Esse conto se completa em uma leitura, presunçosamente falando, com maior tempo. Isto que está tão em falta hoje, o que me leva crer que se manterá incompreendido. Mas aí é desafio do leitor, não do autor, parece.
   Elucida essa análise de forma e conteúdo, incluso os estilhaços?
   Grato.

rrr./

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