quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ágora Caiçara na concha acústica - Caminhada Poética à Saturnino de Brito / 2017.

   Ágora Caiçara - que tal escolher o dizer, de 1 a 8, para ali você ler?
   Todos convidados.
   Entremeada sua voz ao samba de Wanderley e Moacir, amanhã no palco Zéllus Machado - concha acústica, logo após o Tai-chi-chuan de Marina Darin.
   Até lá!
Ricardo Rutigliano Roque.

Ao Saturnino de Brito, esse dizer:

1) Pensil à Ponte, o Saturnino de Brito.
Jardim dessa praia
empresta perfume.
Na Camélia há
a ternura alva,
um presente ao frio -
anuncia rega.

Em nosso sentir
evocação seca,
mas tão generoso -
traz contraste à
fala que apaixona,
para que encante.

Enquanto os barcos
levavam seus frutos,
prancheta à mão
elegante gesto -
despinguela tempo,
sobre essa passagem.

Antigo trabalho.
Regiões nativas.
O inegável une.
Nutrida ontológica!
De emaranhados
banhados, regatos.

De tão navegável,
quanto onipresente,
se presta à caminho -
nosso Mar Pequeno,
vai do continente
à ilha vizinha.

Em certeza há
viver o presente.
Transcendente sábio -
do Catiapoã
vai ao Japuí,
justo à viagem.

Sugestiva Arte
a mente sacia -
música em alma.
Flutua em bruma
o meu pensamento
matéria celeste.

rrr.

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À sua obra mais conhecida:

2) Lebiste no Canal - Seu Porto, Meu Parto.
Retornas líquida,
carícia à ponta -
mucosa quente,
dente aporta.
Fechados olhos -
sentir-te inspira.

Querer eterno -
expiras posse.
Vai-vem da água,
presente agora,
perfume à boca,
recebes beijo.

Mitômano impõe
o querer asfalto,
a Cultura supõe
Caiçara praia
Fandango catraia,
pescar em mar alto.

Estacionar carro -
pleito tão impróprio,
cimenta canal
nariz de Pinóquio,
em destombamento
pra um rolamento.

Peixinho alerta,
comporta aberta,
vai ao oceano,
vereador bão
é aquele mano /
tombamento são.

Sêmen agiliza
pro espermatozóide,
carro paralisa -
canal com lebiste,
este ao comer larva
mosquito inexiste!

Canal referência
nossa Santos é
água com um brilho,
tenha paciência,
no jardim da praia,
querer monotrilho.

Complexo de Bárbie -
sobre o canal,
acontece nada
pra sua amada,
claudica ação
sem a sua mão.

Ida à cavaleiro,
mas é um meieiro,
todo amedrontado
se perpetuado -
estacionamento,
só apressamento.

Bizarro rato é,
bueiro pra fora/
força da maré -
canal num vulcão,
se fechado agora,
haverá pressão.

Luz resoluta -
calor o teu.
Brinco enroscado -
meu sentir frio.
Nasço de ti -
canal estreito.

Respiro-te
cama no parto -
meu mar deixado,
oceano à frente,
chego ao mundo,
meu universo.

rrr.

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À Vicente de Carvalho, o dizer:

3) Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.
Fica em digna postura -
pra sua alma irreprimível
remar mais do que é seu barco.

Há ousadia da maré
endereçada aos ouvintes
dentre eles está você.

Pluvial água - percepção menino,
nesse fluxo está ao adentrar
no canal do estuário, longe perto -
manobra exótica como a sua,
veia para navegação do que há,
ao passar pelo deck dos sentidos.
Até umedece a aridez -
areia em próxima praia palmilha.

Percepção há de haver que
transcreva antologia imersa
na ausência de alguns sabores.

Já que você é homenagem,
em alquimia à transformar
versos naquela maresia.

Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho -
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta,
ladeado em aconchego de uns traços
benedictino-calixtos em suas águas,
mar - por ambos assistido, é atlântica
desembocadura – no céu, são lonjuras.

rrr.

http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/…/atlan…


À Pinacoteca Benedicto Calixto, esse dizer:

4) Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.
Disponíveis recortes mimos,
remados pelo seu barqueiro
insubmisso aos navegantes.

Dá leitura aos cem barcos nus,
pra presenciar oceano -
sentir entregue ao olhar.

Menina em salobra mistura há,
acalentado peixinho guarú,
esta evocação de limite – mar,
circunscrito nesse avizinhamento,
mas, em maré vazante vai até
se distanciar na conquista d’água
oceânica encoberta em brumas,
em vazantes e enchentes - você.

Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho -
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta,
ladeado em aconchego de uns traços
benedictino-calixtos em suas águas,
mar - por ambos assistido, é atlântica
desembocadura – no céu, são lonjuras.

Mediante minha leitura,
que na rede eu sirvo a todos -
aos pressupostos mais nadantes.

Fechem essa minha janela
à nossa não cumplicidade
pra que a lua não a espie.

rrr.

http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/…/atlan…


À igreja do Embaré, esse dizer:

5) Pai Nosso Pão.
Torço por sua existência,
ativa amorização,
encontro-o natureza.

Enxergo-o água –
fruído sentir,
presente-ausente.

Aromatizado,
traduzido em verbo –
emoção que vai.

Além do relicário –
está pulsante lá,
pisando a areia.

Paladar que amo,
transcende o querer,
audição do sonho.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/…/pai-nosso-p…


À biblioteca Mário Faria, esse dizer:

6) Choro na Medida.
Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!

Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!

Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!

Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
choro mareado!

Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!

Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.

Roque e Mansur.

http://libertodesi.blogspot.com.br/…/08/choro-na-medida.html


Ao aquário municipal de Santos, esse dizer:

7) Ágora Caiçara.
O sol com seus raios
o filho da pesca
da praia avista.
Há sombra rasteira.
Passarinho às costas,
graveto no bico.

Cochilo na praia.
Dueto trinado
preguiça afasta.
Vir à ser menino -
voa, livre e solto,
pra que o mar ajude.

Só peixe sacia,
a fome afasta.
Mergulhão virá,
cardume, partilha.
Espuma da onda
correnteza castra.

Caiçara desnuda
o mar horizonte.
No remoto tempo,
naquele penhasco,
avista o pássaro
que mergulha n'água.

Sinal a ser dado
pro par avistado
a rede soltar -
dia à começar.
Cruzar com riqueza
meu rumo mudar.

A tarde só cai,
a lua levanta.
Portuguesa ama,
guarani à encanta.
O negro sorri
no porto caixotes.

É noite seguinte
fumaça fogueira
conversa fora ágora.
Dançar um fandango.
Tocar a rabeca
pro vento levar.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/…/agora-caica…


À estátua do pescador caiçara, esse dizer -

8) Diálogo Caiçara Navega.

   Um caiçara olha o mar. O horizonte é olhado, desde remoto tempo, pelo caiçara. Ele está sobre a ponta do penhasco, tentando avistar o pássaro, que mergulhará na água, pra saciar sua fome com o cardume. O vir-a-ser do mergulhão é o cardume - peixe a ser partilhado.
   O filho do caiçara o avista, desde a praia. As ondas estão brancas de espuma, mas há correnteza que a diminui. O Sol está com seus raios oblíquos, projetando uma sombra rasteira e preguiçosa. Um passarinho às suas costas, voa, livre e solto, com gravetos no bico, pra fazer o seu ninho.

cochilo na praia -
entre dueto de trinados
me espreguiço

   A tarde cai e o caiçara resmunga uma canção, que ninguém ouve.
- ...mar me ajude, pra com riqueza cruzar e o meu rumo mude, prum horizonte mirar.
   O sinal deixa de ser dado, na ausência de cardume, pro seu par à espera na canoa, que só aguarda pra sair à pesca.
   Fica a canoa, à beira da praia, pro dia seguinte.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/…/dialogo-cai… .

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